quarta-feira, 28 de setembro de 2011

RIO REAL: sua história

No século XVII, os jesuítas adquiriram, por sesmaria, uma vasta área de terras, as quais colonos portugueses, indígenas catequizados e escravos africanos dedicaram-se a agricultura e criação de gado. Com o povoamento e o desenvolvimento da agropecuária, no século XVIII, esse território foi sendo desmembrado e deu origem à cidade de Itapicuru.
As primeiras ações para transformar as terras que hoje é a cidade de Rio Real começaram no remoto século XIX quando Itapicuru teve seu território desmembrado. Nessas terras existia um brejo com águas puras que servia de ponto de referência para os colonizadores que penetravam o sertão baiano. Foi às margens desse brejo que originou o povoado Brejo Grande.
No decorrer da história, com o desenvolvimento da agricultura e o povoamento crescente, o povoado Brejo Grande, ainda subordinado a Itapicuru, foi elevado à categoria de freguesia, com o nome de Nossa Senhora do Livramento do Brejo Grande, através do Art. 1 da Lei Provincial nº 538 de 8 de maio de 1855.  O Art. 2 da mesma Lei estabelecia os limites da freguesia:
Principiará da Beira do Rio Real, no logar chamado passagem do meio, aonde atravessa o mesmo rio para a Fazenda Curralinho da Província de Sergipe; e da dita passagem do meio seguirá pela estrada que vem a Fazenda do Janico, a qual passa na morada de Martinho Ramos, e deste á Fazenda da Cruz, onde morou Francisco da Affonso, e desta para o Brejo do Cardoso, e d’este rumo direito ao sul, atravessará a estrada real que vai da Fazenda Sucupira para a Capella do Baracão no logar chamado Rancho do licoliseiro, à beira da dita estrada; e d’este ramo em rumo direito a cabeceira da baixa denominada Pae Gonçalo (no lado de cima) que he a estrada que segue da fazenda Tapéra para o sacco grande, e da dita capeceira da baixa de Pae Gonçalo em rumo direito a beira do rio Itapicuru no logar chamado Poço Redondo, em cujo ponto chegam as terras do Capitão Manoel Barreto de Mattos, que he pouco baixa da morada de Francisco Moreira d’Assumpção e do dito Poço Redondo, rio Itapicurú baixo, até encontrar com os limites da Freguesia do Conde nas matas do Rio Azul, e da mesma forma dividindo-se com a Freguesia de Abadia no Rio Pirangi até a beira do rio Real na passagem do meio, onde se principiou a dita divisão (VIANA, 1858, p.191). ‘Escrita obdecendo o documento original’.

Nesse período a freguesia conheceu o seu primeiro Vigário, Padre Manoel José Escorrega. No dia 26 de agosto de 1857 foi criada na freguesia do Barracão uma subdelegacia. Passados vinte e cinco anos, a freguesia Nossa Senhora do Livramento do Brejo Grande cresceu e foi elevada a categoria de Vila por meio da Resolução Provincial nº 1.991 de 1º de julho de 1880, a qual recebeu a denominação de Vila de Barracão, se desmembrando do município de Itapicuru. Em 16 de maio de 1882 se constituiu de distrito sede com a categoria de Vila.
Em 1887 deu-se inicio a construção da Estrada de Ferro Bahia ao São Francisco com linhas e ramais. A linha inicialmente chamada de ramal de Timbó perpassa Barracão, inaugurando por volta de 1910 a primeira Estação Ferroviária local. Dessa forma, houve um crescimento que favoreceu o desenvolvimento da localidade, pois aumentou o fluxo de produtos e pessoas. 
A instalação da ferrovia provocou um intenso fluxo de produtos e de pessoas que obrigou feirantes e população a mudarem para as proximidades da estação, em função do volume de atividades desenvolvidas no local.   
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, a Vila de Barracão é constituída como Município de Barracão, distrito sede.  Por força do Decreto Estadual nº 7455, de 23 de junho de 1931 o município de Barracão foi denominado Rio Real, cuja origem deve-se ao grande rio existente no território, o rio “Real”, um rio que banha os estados da Bahia e de Sergipe. Foi elevada á condição de cidade por Decreto-Lei-Estadual, de 30 de março de 1938.
Pelo decreto estadual nº 7.479, de 08 de julho de 1931, a cidade de Rio Real adquiriu o território do município de Jandaíra, como simples distrito.   Pelo decreto nº 8.703, de 16 de novembro de 1933, desmembra do município de Rio Real, o distrito de Jandaíra. Elevado novamente á categoria de município.  
Hoje, a cidade tem 37.127 habitantes (IBGE, 2010), sua população ocupa uma área de 676,911km2. Possui 68 escolas, 43 rurais e 25 urbanas (MEC - INEP /2010). Destaca-se no setor de serviço e comércio, na atividade agrícola e pecuária. Alimenta suas festas e tradições. Mantém sua comunidade de quilombolas, o Mocambo do Rio Azul. Na sua zona rural ainda é possível encontrar fazendas com resquícios da época dos escravos. A cultura indígena é mantida por meio do trabalho das ceramistas.  

Um comentário:

  1. Lucineide, gostaria de manter contato acerca do seu estudo sobre a cidade de Rio Real, se possível, disponibilize um e-mail para que possa explicar melhor do que se trata. Grata, Naila.

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